O Hino Nacional Brasileiro
Ir∴ Lourival Catozzi
A∴ R∴ L∴ S∴ 31 de Março Nº 152
À G∴ D∴ G∴ A∴ D∴ U∴
HISTORIA DO HINO – PARTITURA MUSICAL
Francisco Manuel da Silva escreveu os primeiros compassos (primeiras partituras) do Hino Nacional Brasileiro no decorrer no ano de 1822, no balcão de um armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Rua Regente Feijó. Essa casa comercial era também o ponto de reunião de um grupo de amigos e cultores da música tais como Francisco Manuel, cônego Zacarias da Cunha Freitas; Laurindo Rebelo, o célebre poeta “Lagartixa”; Bento Fernandes das Mercês; José Rodrigues Cortes; e o proprietário da loja, o clarinetista amador, José Maria Teixeira. Em 1823 a peça teve sua primeira execução oficial e o compositor nessa época tinha entre 27 e 28 anos de idade.
A música de Francisco Manuel da Silva, inicialmente composta para banda, popularizou-se em 1831, com versos que comemoravam a abdicação de Dom Pedro I e, por ocasião da coroação de Dom Pedro II. Com outra letra, a música se tornou tão popular que, apesar de não ter sido oficializada como tal, passou a ser considerado o Hino Nacional Brasileiro.
Portanto, o nosso Hino nasceu com o calor das agitações populares, quando vacilava a independência do Brasil, num dos momentos mais dramáticos de nossa História. Durante quase um século, por incrível que pareça, o Hino Nacional Brasileiro foi executado, sem ter oficialmente uma letra.
No entanto, apesar de forças contrárias, foi ao som deste Hino que conhecemos bem, porém com versos do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que D. Pedro I e sua família a bordo de uma fragata partiram para o exílio na Europa. Segundo Luís Heitor de Azevedo Correia, o nosso Hino foi "executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos", quando da partida de D. Pedro I, em 13 de abril de 1831, data essa que completa hoje dia 13 de Abril de 2010 exatamente 179 anos e foi escolhida como o Dia Do Hino Nacional Brasileiro.
BIOGRAFIA DE FRANCISCO MANUEL DA SILVA
Compositor, regente, violoncelista e professor, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1795. Começou a estudar música ainda menino com o padre José Maurício Nunes Garcia. Aos 10 anos passou a estudar violoncelo e, quatro anos depois ingressou como soprano no Coro da Capela Real. Em 1816, passou a estudar contra-ponto e composição. Em 1825, era o Segundo Violoncelo da Capela Imperial. A 14 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara foi executado um Hino de sua autoria, que teria sido composto naquele ano para comemorar o “ 7 de abril “ ( abdicação de D. Pedro I ) e que, mais tarde, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. Segundo alguns autores, entretanto, o Hino foi composto em 1822/1823, para comemorar a Independência do Brasil.
Em 1833, fundou a Sociedade Beneficência Musical, da qual foi eleito presidente. Em 1841, assumiu o cargo de Mestre Geral da Capela Imperial e em 1842, foi nomeado, Mestre Compositor da Capela Imperial. Ocupou cargos de direção de vários teatros e companhias líricas.
Alem de outros Hinos, compôs música instrumental, música vocal e um repertório extenso de música sacra.Foi condecorado com a “Ordem Rosa”, no grau de Oficial, em 1857.
Em 1863 realizou o lançamento da pedra fundamental da sede do Conservatório de Música. Sua última música foi “Peça para soprano, harpa, harmônio e orquestra” executada na Igreja São Francisco de Paula.
Faleceu a 18 de dezembro de 1865, vitima de complicações pulmonares.
HISTÓRIA DO HINO
Em 1841, para comemorar a coroação de Dom Pedro II, o Hino recebeu novos versos, de autor desconhecido. Por determinação de Dom Pedro II, a música de Francisco Manuel da Silva passou a ser considerada o Hino do Império e deveria ser tocada todas vezes em que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e militares, mas sem letra.
Era também tocada no exterior sempre que o imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso. Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições musicais. Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.
Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim Osório Duque Estrada, não era ainda oficial, tanto que, sete anos depois, ele ainda foi obrigado a fazer onze modificações na letra.
Joaquim Osório Duque Estrada recebeu Cinco contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O Centenário da Independência já estava chegando, face isso o presidente Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de 1922, véspera do 1º Centenário da Independência.
A letra do Hino Nacional Brasileiro é mais recente que a música, sendo a musica feita no Império, na época de Pedro I e a letra já nos tempos de República. O comum é fazer-se a música para a letra, então houve uma árdua tarefa de ajustar a partitura musical aos versos de Joaquim Osório Duque Estrada, trabalho esse que coube a Alberto Nepomuceno, o qual esse exímio maestro o fez magistralmente.
Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava pronto!
BIOGRAFIA DE JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA
Nasceu em Pati do Alferes-RJ, no dia 29 de abril de 1870. Recebeu o grau de bacharel em letras em 1888. Publicou 27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções e libretos de operas – destacando além de Alvéolos, Flora de Maio, A Arte de Fazer Versos e A Abolição, este com prefácio de Rui Barbosa.
Foi critico-literário, mantendo por muito tempo a “seção Registro Literário no Correio da Manhã”, no “Imparcial” e no “Jornal do Brasil.
Em 1888 escreveu os primeiros ensaios como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Destacou-se no magistério como professor e inspetor-geral de ensino, até o ano de 1902, quando foi nomeado regente interino da cadeira de História Geral e do Brasil no Colégio D.Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase todos os jornais do Rio de Janeiro.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1915, na vaga de Silvio Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono, Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho Neto.
Em Outubro de 1909 elaborou o seu “Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro” aprovado oficialmente, por Decreto em 06 de Setembro de 1922, véspera da comemoração do centenário da Independência.
Faleceu na Cidade do Rio de Janeiro-RJ, no dia 05 de fevereiro de 1927.
LEGISLAÇÃO
De acordo com o Capítulo V da Lei 5.700 (01/09/1971), que trata dos símbolos nacionais, durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio. Civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações.
Além disso, é vedada qualquer outra forma de saudação (gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordem ou manifestações ostensivas do gênero, sendo estas desrespeitosas ou não).
Segundo a Seção II da mesma lei, execuções simplesmente instrumentais devem ser tocadas sem repetição, mesmo porque a melodia é a mesma para as duas partes do poema. No caso de execução somente instrumental prevista no cerimonial, não se deve acompanhar a execução cantando, deve-se manter em silêncio.
Já nas execuções vocais, a lei veda expressamente a execução parcial, ou seja, tem que cantar as duas partes do poema em uníssono.
Em caso de cerimônia em que se tenha que executar um Hino Nacional estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.
O Hino Nacional será executado em continência à Bandeira Nacional e ao presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, assim como em outros casos determinados pelos regulamentos de continência ou cortesia internacional. Sua execução é permitida ainda na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos esportivos internacionais.
A partir de 22 de setembro de 2009, o Hino Nacional Brasileiro tornou-se obrigatório em escolas públicas e particulares de todo o país. Ao menos uma vez por semana, todos os alunos do ensino fundamental devem cantá-lo.
POSTURA DOS BRASILEIROS
E nós, Brasileiros, aprendemos tudo isso nas escolas. Eu me lembro bem, quando criança, que ao ouvir o Hino Nacional, eu deveria me colocar em posição de respeito e voltado para a Bandeira Nacional. Todas as semanas, em dia determinado e antes da entrada nas salas de aula, ficávamos perfilados no pátio da escola e cantávamos o Hino Nacional.
Todos nós conhecíamos a letra e sabíamos cantar o Hino Nacional, mas infelizmente, se ouve atualmente na maior parte das vezes apenas de forma instrumental. O poema é uma parte do Hino Nacional que cai no esquecimento.
Mas até aí tudo bem. O que não se admite é o vilipêndio ao Hino Nacional que presenciamos como exemplo em jogos de futebol profissional realizados no Brasil, especialmente nos principais campeonatos Estaduais e nos Campeonatos Brasileiros.
Nos estádios lotados, antes do início das partidas, na execução do Hino Nacional, se observarmos em todas as dependências do estádio podemos ver algumas pessoas em posição de respeito e voltadas para a bandeira Nacional, mas também poderemos ver os profissionais da imprensa que ao invés de se postarem em posição de respeito, os mesmos não param de falar. E este é o comportamento da maioria das pessoas presentes no estádio.
E não é difícil observar que alguns atletas perfilados estão mascando chicletes, saltitando, desviando os olhares, pensando em tudo, menos no ato cívico que se realiza naquele momento ou não obstante todo este desrespeito é comum presenciarmos a execução do Hino Nacional de forma vocal sendo cantada apenas a primeira parte do poema.
POEMA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO
I
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
II
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do novo mundo!
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
COMENTÁRIOS SOBRE O HINO NACIONAL BRASILEIRO
A letra do Hino Nacional compõe-se de duas partes, cada uma com vinte e cinco versos, assim distribuídos: doze decassílabos, sete tetrassílabos, dois heptassílabos, dois hendecassílabos e dois trissílabos. Poema de natureza polimétrica afina-se, admiravelmente, com sua música polifônica. E a variedade dos versos enriquece de expressividade a letra.
A tônica dominante do Hino Nacional é, indiscutivelmente, o amor acima de tudo à Pátria e à liberdade. O número de substantivos, adjetivos e verbos com que se faz profissão de amor ao Brasil é apreciável. O poema composto por Joaquim Osório Duque Estrada é um belo canto libertário e entrosa-se muito bem com a música de Francisco Manuel da Silva. Ambos os autores, nascidos em épocas bem distintas, se unem pelo sentimento de brasilidade.
É incompatível com um povo heroico viver sem liberdade, a qual deve vir sempre associada à responsabilidade, à justiça, para que a nação caminhe na realização dos seus altos destinos.
Sem o sol da liberdade, não viceja o progresso. O sol está para o dia como a noite está para as trevas. O dia liberta o homem das trevas da noite que o deixa inseguro, e o sol da liberdade o liberta das trevas do medo. Sem liberdade, não há vida, mas um simulacro de vida. A liberdade, bem diz o autor da letra do Hino Nacional, é uma conquista do homem. Viver sem liberdade é ser um vivo-morto.
É ser um espectro de gente. “Em teu seio, ó liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!”. A morte passa a ser uma entidade, concretiza-se. Não temer a morte para defender o direito de viver com dignidade é o que se deve fazer. E não faltam nomes, nas páginas de nossa História, incluindo ilustres irmãos Maçons, que trabalharam arduamente para que nós conquistássemos a nossa Independência.
SIGNIFICADO / TRADUÇÃO
Eis o significado dos termos usados na letra do Hino:
Plácidas: serenas, tranquilas, pacíficas, brandas, sossegadas
Brado: clamor, grito
Retumbante: refletir o som com estrondo, ecoar, ressoar
Fúlgidos: cintilantes, brilhantes
Penhor: garantia, segurança, prova
Vívido: luminoso, brilhante
Límpido: claro
Resplandece: brilha
Impávido: intrépido, destemido
Colosso: objeto de enormes dimensões, descomunal
Fulguras: resplandece, brilha
Florão: peça de ouro ou pedras preciosas, à feição de flor, no centro de uma coroa
Garrida: alegre, brilhante, viva
Lábaro: estandarte dos exércitos romanos
Ostentas: mostrar ou exibir com orgulho
Flâmula: bandeira
Clava: pau pesado usado como arma
CONCLUSÃO
Os símbolos nacionais têm uma função nobre de de unir os cidadãos em torno de um ideal comum, que é a construção da pátria a que todos aspiram. Uma pátria fundada nos valores escolhidos pela própria coletividade, valores estes que variam de sociedade para sociedade.
Toda sociedade precisa de símbolos que sedimentem sua união, de modo a possibilitar o funcionamento harmônico dos elementos que a constituem, tais como Bandeiras, Hinos, uniformes, saudações, são esses os elementos que os países, corporações ou mesmo pequenos grupos de pessoas possuem para diminuir as diferenças naturais que existem entre seus membros e aproximá-los, uni-los, em torno dos ideais comuns.
Bibliografia
Trabalho feito através de pesquisas a diversos sites na internet, tanto de órgãos públicos/governamentais quanto privados.